O senador Cid Gomes e aliados estão fazendo uma força-tarefa para garantir apoio suficiente à convocação de uma reunião extraordinária do diretório do PDT Ceará para eleger uma nova Executiva para o partido. O objetivo do grupo é colocar Cid de forma permanente na presidência da legenda cearense, sem chances para destituição até uma nova eleição. Pelo regimento, é necessário que o requerimento contenha pelo menos 1/3 (28) das assinaturas dos membros titulares da diretoria.

O movimento ocorre após um novo episódio da crise no PDT vir à tona na última segunda-feira (2), com a destituição do senador do comando interino da legenda pelo deputado federal André Figueiredo. Licenciado do cargo desde julho devido a um acordo firmado com Cid, Figueiredo revogou a licença sem aviso prévio, pegando cidistas e o próprio senador de surpresa. Com isso, ele voltou a acumular a função de presidente do PDT Ceará e Nacional — este último de forma interina.

Como justificativa para a decisão, o deputado federal alegou “descumprimentos” feitos por Cid enquanto estava interinidade, como a concessão de uma carta de anuência para que o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), deputado Evandro Leitão, deixasse a sigla sem sofrer qualquer sanção e a tentativa de aderir oficialmente à base do Governo Elmano de Freitas (PT).

No mesmo dia, à tarde, o senador reagiu e convocou uma comitiva de deputados estaduais e federais para traçar as estratégias a partir de então. A decisão de convocar o diretório foi tomada, e a coleta das assinaturas iniciada. Na ocasião, ele rebateu os argumentos de Figueiredo e disse que o único compromisso firmado era “futuro”, previsto para dezembro, quando tinha acertado de apoiar a recondução de André à presidência da agremiação estadual.

Nesta terça-feira (3), a bancada estadual do PDT se reuniu na presidência da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) para articulações. O vai e vem de deputados era constante e até o vereador Júlio Brizzi (PDT) passou por lá para deixar sua assinatura.

Nos bastidores, a mobilização era para “lembrar” os prefeitos pedetistas de assinar o requerimento. A expectativa era conseguir mais de 50 assinaturas até esta quarta para já apresentar o documento. Para manter a data prevista da convocação do diretório e eleição para o dia 16, é necessário protocolar o documento até 8 dias antes. Como não querem correr risco, a força-tarefa foi iniciada.

“São 40 ligações”, disse um cidista sobre as tratativas. Além do número em referência aos prefeitos, eles somam o apoio de 10 deputados estaduais e 4 federais. Pelas contas dos aliados, “amanhã está tudo resolvido”.

Entre segunda e esta terça, pedetistas já começaram a manifestar apoios a Cid e André Figueiredo. Prefeita de Catunda, Ravenna Fernandes (PDT) prestou solidariedade a Cid e disse que ele “sempre foi sinônimo de equilíbrio e diálogo dentro do partido”.

Na Assembleia Legislativa, o deputado Marcos Sobreira, vice-líder do PDT na Casa, subiu à tribuna da Casa para criticar o ocorrido. Para ele, a presidência de Cid é um “chamamento” dos membros do partido que querem se aproximar, formalmente, do Governo do Estado. O racha na legenda já se arrasta desde as eleições do ano passado. O grupo ligado a Figueiredo, ao ex-prefeito Roberto Cláudio e ao Ciro defende ser oposição, enquanto os cidistas querem compor a base.

“Nem preciso jogar lantejoulas sobre o trabalho enquanto governador e enquanto senador da República de Cid Gomes. Muita gente pensa ‘por que o anseio, por que o desejo do Cid ser presidente’. Primeira coisa: para ficar claro, o Cid nunca teve esse desejo pessoal. O Cid atendeu a um chamamento de 80% dos membros do PDT”, alegou.

Fonte: DN

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