Após assembleia geral ocorrida na quinta-feira, 4, que terminou em confusão generalizada, um grupo de professores da rede estadual de educação básica organizou um ato independente, na manhã desta segunda-feira, 8, em frente ao Palácio da Abolição. A manifestação foi motivada pela discordância da categoria com as propostas salariais do Governo do Estado do Ceará, aprovadas pela direção do Sindicato Apeoc, bem como pela condução da assembleia. Na ocasião, os professores deveriam votar as propostas e o estado de greve.

“Desde o começo da assembleia, os professores queriam votar pela greve. Os professores não concordam com o que foi fechado na mesa de negociação e queriam greve na quinta-feira. O sindicato não deixou votar, não deixou os professores terem o direito de poder deliberar pelos rumos da sua luta”, afirma Rebeca Veloso, professora da rede.

Rebeca chegou a realizar um Boletim de Ocorrência após sofrer uma agressão física por parte de um segurança do sindicato durante a assembleia. Presente no ato, ela explica que as propostas aprovadas em mesa de negociação entre Apeoc e Governo do Ceará não contemplam o que a categoria quer.

As principais reivindicações são o retroativo do reajuste desde janeiro, data-base da campanha de negociação salarial da categoria e a equiparação salarial entre professores efetivos e temporários.

Para Jario Pereira, membro da executiva da Apeoc, a categoria se sente “traída” pelo sindicato. “Quando você vê aquelas imagens [da confusão na assembleia], é o desfecho de uma direção que aceitou o acordo do governo e não colocou para votar, que é o mínimo que deveria fazer. Por que não colocou para votar? Porque sabia que a assembleia não ia aceitar”, afirma.

Jario explica que a categoria espera um recuo da direção majoritária do sindicato. “Que eles possam romper o acordo com o governo e voltar para a categoria através da assembleia geral, que corrijam o erro que eles fizeram”, diz.

Professores relatam insatisfações com a Apeoc e reclamam de condições de trabalho

Leandro Maciel, 31, é professor de Geografia do ensino médio da rede estadual e foi participar da manifestação por não concordar com as propostas do Governo do Estado. “A gente está aqui hoje para mostrar que a categoria não aceitou a proposta. A gente quer que a negociação continue, senão a gente vai tentar encaminhar a greve.”

Ele cita que as condições de trabalho pioraram após o Novo Ensino Médio (NEM). “Algumas mudanças foram muito negativas do ponto de vista de aprendizagem e para o trabalho do professor. A gente tem que dar disciplinas nas quais a gente não é formado.”

Outro professor presente no ato foi Vinicius Oliveira. Ele dá aulas de história e também não concorda com a decisão da Apeoc. “A direção do sindicato assumiu uma postura de provocação com os profissionais que acabou desencadeando aqueles atos [de quinta-feira]. Foram mais de quatro horas de assembleia, e houve uma revolta dessa classe.”

Em relação às condições de trabalho, ele destaca a falta de apoio psicológico aos profissionais e a falta de estrutura. “Muitos colegas estão adoecendo e tirando licença por questões psicológicas. As questões estruturais sempre aparecem: escolas que são adaptadas, escolas em terrenos alugados, que não pertencem ao Estado, a questão de lotação de estudantes dentro de sala de aula etc.”

Ariane Bastos, 47, também é professora de História e acredita que a decisão da Apec foi uma decisão “covarde”. “É complicado quando você vê um sindicato acusar que nós somos fascistas, baderneiros, que quem estava [na assembleia] queria confusão.”

Sobre o dia a dia dentro das salas de aula, ela reclama da grande quantidade de alunos por turma. “É principalmente as condições físicas, salas muito pequenas, superlotadas, falta quadra, falta estrutura. Você tem um corpo de professores com mestrado, com doutorado, mas, em contrapartida, não recebemos o devido suporte.”

Fonte: O Povo

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