O jornal O povo trouxe na sua edição de hoje, uma matéria trazendo todo o histórico de instalação das facções criminosas no estado do Ceará, onde ele destaca que essas organizações são a principal força motriz da violência armada no Ceará.
Atualmente, são quatro as facções criminosas presentes no Ceará: Comando Vermelho (CV), Guardiões do Estado (GDE), Massa Carcerária (também conhecido como Neutros, Tudo Neutro e TDN) e Primeiro Comando da Capital (PCC).
Inicio das facções
A ação das facções no Estado tornou-se mais latente em meados de 2015. Até então, o crime organizado no Ceará era praticado, majoritariamente, a partir de gangues de bairro. Em 2001, por exemplo, as estatísticas da então Secretaria da Segurança Pública e Defesa da Cidadania (SSPDC) apontavam 2.878 ocorrências de “brigas de gangues”.
Na deca de 90 tivemos membros de facções sendo presos no Ceará, mas eram situações pontuais, líder da ADA (Amigos dos Amigos), e do CV chegaram a se encontrados no estado, mas muitas vezes por ligação familiares, mas nunca para construir uma organização que atuaria na capital, um exemplo disso foi de Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, chefe do tráfico na comunidade da Rocinha, no RJ. Ele era cearense e, por isso, conforme a Polícia carioca, aliciava jovens da própria terra natal, Varjota, a 272km de Fortaleza para integrar a sua quadrilha.
Comando Vermelho
Atualmente a facção criminosa com mais territórios no estado, A operação Annulare, deflagrada em 2021, apontou a presença da facção em, pelo menos, 49 municípios cearenses e 54 bairros de Fortaleza. Já a iniciativa Portal Cearense aponta a presença da organização em 705 territórios, contra 555 da GDE, 102 do PCC e 82 da Massa Carcerária.
Chegou a ter registro de ações pontuais no estado ainda nos anos 90, mas bem tímidas, somente por volta de 2015, que a facção começou a dominar territórios em várias regiões do estado, com o governo na época negando que elas existiam no Ceará, e se estabelecendo como principal força criminosa.
PCC
Em 2013, investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) afirmava que o Ceará tinha 120 integrantes do PCC. Em abril de 2015, o Relatório de Inteligência nº 016/2015, da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da SSPDS, apontava que as lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) estavam ampliando o número de “batismos”, com o objetivo de “consolidar o comando em todas as unidades prisionais da Região Metropolitana”.
A facção Paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), chegou a disputar muitos territórios com o Comando Vermelho, mas depois por estratégia, se retirou mais, prestando apoio a GDE que seria criada no estado.
GDE
Neste processo, surge uma facção cearense: a Guardiões do Estado. Conforme o “estatuto” da facção, a GDE foi criada em 1º de janeiro de 2016. O Relatório de Inteligência (Relint) nº 364/2020/Coint/SAP descreve que os sete fundadores da GDE tinham “fortes vínculos” com o PCC e as duas organizações foram aliadas até 2018.
Em pouco tempo, as facções arregimentaram um grande número de integrantes. Dados de 2018 da então Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) mostrava que, somente nos presídios, as quatro facções tinham 18.667 membros — 9.056 do CV, 5.718 da GDE, 3.230 do PCC e 663 da FDN.
Nas ruas, esse número era ainda maior: conforme depoimentos de lideranças da organização, a GDE passou a ter mais de 20 mil integrantes. No final de 2016, a “pacificação”, que havia contribuído até mesmo para redução no número de homicídios no Estado, chegou ao fim. Dessa forma, foram formados dois eixos beligerantes: CV e FDN contra GDE e PCC.
Esse cenário gerou o ano mais violento já registrado no Estado, 2017, que teve 5.133 assassinatos.
Facção Massa Carcerária
Outro racha que alterou o cenário criminal cearense ocorreu em 2021, quando integrantes do CV insatisfeitos com a facção decidiram deixar o grupo. Os agora ex-integrantes da facção carioca passaram a se reivindicar como Neutros ou Massa, passando a ser, na prática, uma quarta facção.
O novo grupo passou a atuar em bairros como Jardim das Oliveiras e Grande Messejana, ambos em Fortaleza, além de Itapipoca e Caucaia — neste município, passaria a ser a facção com atuação em mais territórios.
Fonte: O Povo