Jason Miller, um dos assessores mais próximos de Donald Trump, usou suas redes sociais neste domingo (13) para criticar ações do ministro Alexandre de Moraes e sua postura em longa entrevista concedida à revista norte-americana New Yorker. “O ministro do Supremo Tribunal Federal brasileiro Alexandre de Moraes é a maior ameaça à democracia no Hemisfério Ocidental, e ele acha engraçado”, escreveu Miller , ao citar uma das falas em que Moraes “brincou” na entrevista. “As pessoas vão começar a dizer que estou perseguindo todo mundo agora”, disse o ministro.
As falas foram concedidas ao biógrafo de Che Guevara, o escritor Jon Lee Anderson, e publicada em uma das revistas mais lidas pela elite cultural americana. No trecho citado pelo conselheiro de Trump, o ministro brasileiro comenta a suspensão que fez à rede social Rumble, por não manter um representante legal no Brasil. Segundo ele, isso poderia fazer com que as pessoas começassem a dizer que ele estaria “perseguindo todo mundo”.
“Nesse ritmo, serei acusado de perseguir Trump também”, continua Moraes, despreocupado com a perspectiva de pressão dos EUA. “Eles podem entrar com ações judiciais, podem fazer Trump falar”, disse ele. “Se eles enviarem um porta-aviões, veremos. Se o porta-aviões não chegar ao Lago Paranoá, isso não influenciará a decisão aqui no Brasil”, continuou.
Na mesma entrevista, Moraes falou sobre Bolsonaro, Trump e o papel que vem exercendo no que acredita ser uma cruzada pela democracia. Ele também fez comentários sobre política nacional e internacional, com críticas ao que chamou de “extrema-direita” e elogios a si próprio. No texto, o biógrafo de Che Guevara ainda descreve Moraes como “Big Alex”, que é como o jornalista traduziu o apelido “Xandão”.
Apesar do tom levemente simpático ao ministro, a reportagem faz críticas — como quando afirma que a Suprema Corte, ao investigar ataques virtuais contra a corte, age como “vítima, acusador e juiz”.
O texto ainda aponta que Moraes foi indicado pelo ex-presidente Michel Temer ao STF “por gratidão depois que o ministro (então ministro da Justiça) prendeu os responsáveis por hackear o telefone de Marcela Temer e chantagear o então presidente para não divulgar fotos comprometedoras da então primeira-dama”. Além disso, cita que entre os objetos valiosos do ministro estão duas efígies de madeira de divindades afro-brasileiras: Xangô e Exu.