O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), solicitou, nessa quinta-feira (18), que a Polícia Federal investigue o caso das câmeras escondidas instaladas em um imóvel alugado pela deputada cearense Dayany Bittencourt (União) em Brasília. O pedido foi feito ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues. As informações são da colunista Roseann Kennedy, do Estadão.
De acordo com a publicação, Lira teve um reunião com Andrei para saber quais medidas poderiam ser adotadas pela Polícia Federal, uma vez que há investigação em andamento pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O presidente da Câmara ainda determinou a atuação da Polícia Legislativa na Câmara enquanto a PF averígua os trâmites legais.
O apartamento que teve as câmeras instaladas fica localizado no hotel Golden Tulip, em Brasília. A rede hoteleira alegou que a unidade alugada pela parlamentar é uma propriedade particular e, por isso, “não está sob sua administração”, mas que continua disponível para esclarecimentos às autoridades.
ENTENDA O CASO
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga os responsáveis pela instalação de câmeras escondidas em imóvel alugado pela deputada cearense Dayany Bittencourt, em Brasília. Os equipamentos estavam instalados em diversos locais do flat, inclusive no banheiro.
Conforme a parlamentar, o caso ocorreu em 28 de agosto de 2023 e o inquérito corria em segredo de Justiça até a última semana.
“Venho a público expressar minha profunda consternação, repúdio e revolta, diante à violação de privacidade ao qual fui vítima (…) Uma invasão à minha privacidade e à privacidade do meu esposo (o ex-deputado cearense Capitão Wagner), algo que nunca pensamos viver, o que transformou um espaço de segurança e conforto em um cenário de constante vigilância e medo”, escreveu, em nota pública.
“Este ato não apenas infringiu os meus direitos individuais fundamentais, garantidos por nossa Constituição, mas também impôs um peso emocional imensurável, resultando em traumas, sensação de vulnerabilidade constante e pânico”, acrescentou.
INVESTIGAÇÃO
Descobertas em 28 de agosto do ano passado, as câmeras escondidas foram instaladas há pelos menos quatro anos, apontam as investigações da PCDF. A conclusão do relatório prévio, assinado pela agente de Polícia Dayse Eduardo de Oliveira, indica que “ao analisar as imagens foi possível comprovar que a instalação das câmeras foi feita muito antes da comunicante/vítima locar o imóvel, já que a primeira imagem data do dia 3 de janeiro de 2020”.
O Diário do Nordeste teve acesso ao inquérito, que segue em aberto para apurar as intenções dos responsáveis pela instalação dos equipamentos. Conforme o documento policial, assessores da parlamentar encontraram as câmeras escondidas camufladas entre sensores de fumaça e disparadores de água no interior do imóvel.
Com os laudos periciais e os relatórios da investigação, o delegado Bruno Dias Galvão Cavalcanti, responsável pelo caso, enviou novos questionamentos ao Instituto de Criminalística da Polícia Civil.
Ele apura agora se há possibilidade de o antigo proprietário ter acessado as filmagens em tempo real e guardado todas elas em uma memória externa sem deixar vestígio. O delegado pergunta ainda se tudo que foi armazenado e analisado é também tudo que foi computado pelas câmeras. Por fim, Cavalcanti quer saber se há possibilidade de imagens de Dayany e Capitão Wagner terem sido produzidas e salvas em outra memória.