O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vai aumentar ainda mais o número de invasões de terra em 2024. A previsão é do líder do agrupamento, João Pedro Stedile, em entrevista à Folha de S.Paulo. Segundo Stedile, as “dificuldades” dos sem-terra farão com que as invasões aumentem ainda mais. “Se o governo não toma a iniciativa, a crise capitalista continua se aprofundando”, declarou. “O ser humano não é igual ao sapo, que o boi pisa, e ele morre sem dizer nada. Vai haver muito mais luta social.”
No ano passado — o primeiro do deste novo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva —, o número de invasões (71) já tinha superado todos os quatro antes do mandato de Jair Bolsonaro (62).
Estratégia de invasões de terras será retomada pelo MST, diz Stedile
Embora seja um aliado histórico do PT, o líder do MST afirmou, em entrevistas anteriores, que 2023 foi o pior em número de famílias assentadas em 40 anos.
Em 2007, quando o MST viu que as promessas de Lula sobre reforma agrária não iam se concretizar, Stedile chegou a dizer que o MST havia se iludido com o petista Lula.
No governo Bolsonaro, com a facilitação da defesa dos proprietários rurais, as invasões caíram drasticamente. Nesse período, o MST passou a se concentrar na venda de objetos ligados ao movimento, como bonés e camisetas, em lojas físicas chamadas de Armazém do Campo.
Porém, a estratégia de invasões de terras será retomada. A política de ocupações não pode ser abandonada, afirma o líder do MST. “A pressão nos governantes deve ser constante. Não há, na história da reforma agrária do mundo, nenhum processo de correção das distorções fundiárias sem que a população se mobilize. Em nenhum país do mundo o governo resolveu: Ah, onde é que tem sem-terra? Vou dar terra para vocês’”, declarou Stedile à Folha.