Uma pesquisa da empresa AtlasIntel mostra que menos de 20% dos entrevistados acreditam que os atos de 8 de janeiro foram uma tentativa de golpe. O porcentual destoa do discurso oficial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que já condenou 30 pessoas pelos crimes de tentativa da abolição do Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, e de parte da imprensa.
A pesquisa, feita por meio de questionários virtuais, entrevistou 1,2 mil pessoas escolhidas aleatoriamente entre 7 e 8 de janeiro. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais e o intervalo de confiança é de 95%.
A pesquisa perguntou aos entrevistados “qual foi a principal razão dos manifestantes que ocuparam o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF”. Tentativa de golpe foi a resposta de 18,8% dos que participaram do levantamento. As duas opções mais escolhidas foram fanatismo político/polarização (34%) e fraude eleitoral (21%). Patriotismo foi a resposta de apenas 2,4% dos entrevistados.
Sobre uma eventual ameaça para a democracia brasileira, 15,9% dos entrevistados disseram que não houve risco; 27,7%, que o risco não foi tão alto; e 43,3%, que a democracia “correu grande risco”.
Uma pergunta que chama a atenção é esta: “Na sua opinião, Lula venceu de fato a eleição (ganhou mais votos que o Bolsonaro)?”. Embora a maioria (56,8%) ache que o petista tenha obtido votação maior, o porcentual dos que duvidam é alto: 38,2% disseram que Lula não ganhou mais votos. Cinco por cento não souberam responder.
Apesar de não considerarem que os atos de 8 de janeiro foram uma tentativa de golpe, os entrevistados discordam da invasão dos prédios públicos. O porcentual de reprovação foi de 74,2%, levemente inferior a janeiro de 2023, quando a AtlasIntel já tinha feito pesquisa semelhante (76%). O porcentual de quem concorda caiu de 18% para 14,6%.
Para 59%, a invasão foi completamente injustificada. Outros 13,6% consideram o ato completamente justificado e 15%, parcialmente justificado.
As respostas também vinculam o ex-presidente Jair Bolsonaro aos atos de 8 de janeiro. Para 52%, Bolsonaro é responsável pela invasão. Outros 43,6% acham que não. Quando a pergunta é se “Bolsonaro deveria sofrer alguma punição legal em decorrência dos eventos de 8 de janeiro”, os porcentuais se mantêm.