O grupo político liderado pelo deputado federal e pré-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol-SP) saiu vitorioso do 8º Congresso Nacional do Psol, encerrado neste domingo, 1º, em Brasília, ao conseguir eleger a historiadora Paula Coradi como presidente do partido, com 67,1% dos votos. Ela vai comandar a legenda até 2026, Paula pertence à ala da Revolução Solidária, corrente do partido que defende aproximação maior com o PT e com o governo Lula (PT). Já a corrente Movimento Esquerda Socialista, integrada pelas deputadas Sâmia Bomfim (Psol-SP) e Fernanda Melchionna (Psol-RS), foi derrotada. Essa ala entende que o partido precisa adotar postura de independência em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O encontro foi marcado pela tensão entre as diferentes correntes da agremiação partidária e teve que ser interrompido depois de uma briga entre militantes que descambou para a troca de socos.
“Eleger Guilherme Boulos a prefeito de São Paulo vai ser uma das grandes tarefas e desafios que o Psol vai se empenhar e vai fazer de tudo para produzir essa vitória política que, além de ser uma vitória enorme do Psol, vai ser uma vitória enorme para toda a esquerda brasileira”, disse Paula, em entrevista ao canal do YouTube do partido, logo depois do fim do Congresso. Ela, no entanto, ignorou a pancadaria protagonizada entre militantes.
Aliada de Boulos, a mais nova presidente do partido da extrema esquerda também afirmou que o partido planeja reeleger Edmilson Nogueira, prefeito de Belém (PA). Para Paula, o Psol ainda tem “muito boas possibilidades” com os deputados federais Tarcísio Motta, pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro, e Talíria Perrone, pré-candidata a prefeita de Niterói (RJ).
A pré-campanha de Boulos à Prefeitura de São Paulo foi alvo de críticas internas de parte do Psol ao anunciar que terá como marqueteiro Lula Guimarães, nome responsável pelas campanhas eleitorais de João Doria (prefeitura paulistana) e Geraldo Alckmin (Presidência da República) em 2016 e 2018, respectivamente. Enquanto isso, o PT confirmou apoio à candidatura do psolista em 2024, em cumprimento ao acordo firmado para que ele desistisse de se candidatar ao governo do Estado na última eleição e apoiasse o hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP). O petista acabou derrotado, no segundo turno, por Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Capixaba de Vila Velha (ES) e professora licenciada da rede estadual de ensino do Espírito Santo, Paula Coradi vai substituir Juliano Medeiros, que presidia o Psol desde 2017. Em nota divulgada à imprensa ainda na condição de presidente nacional do partido, Medeiros disse que a direção do Psol lamenta o desentendimento ocorrido entre grupos de militantes durante o evento.
“O caso está sob apuração das instâncias responsáveis”, disse Medeiros, sobre a pancadaria e troca de socos entre militantes do partido da extrema esquerda brasileira. “O incidente não alterou o curso do encontro que se encerrou elegendo a nova direção e aprovando todas as resoluções previstas.”
Apesar de classificar como “incidente” a briga, Medeiros aparece exaltado no vídeo que registra a troca de socos. Aos gritos, ele pede para “todos e todas” descerem do palco onde ocorreria o congresso.