O chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, sugeriu, neste sábado (24), que enviou um comboio armado, com ao menos 25 mil combatentes, em direção a Moscou em uma tentativa improvável de derrubar a liderança militar.

Autoridades locais russas disseram que um comboio militar estava na principal rodovia que liga a parte sul da Rússia europeia, na fronteira com a Ucrânia, com Moscou, e alertaram os moradores para evitá-la.

Horas antes, as autoridades russas acusaram Prigozhin de encenar um motim armado depois que ele alegou, sem fornecer provas, que a liderança militar havia matado um grande número de seus combatentes em um ataque aéreo e prometeu puni-los.

O serviço de segurança interna FSB disse que abriu um processo criminal contra Prigozhin por motim armado, um crime punível com pena de prisão de até 20 anos.

A dramática reviravolta dos eventos, com muitos detalhes obscuros, parecia a maior crise doméstica que o presidente Vladimir Putin enfrentou desde que ordenou uma invasão em grande escala da Ucrânia, chamada de “operação militar especial”, em fevereiro do ano passado.

Prigozhin, cuja milícia Wagner liderou a captura da cidade ucraniana de Bakhmut no mês passado, há meses acusa abertamente o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o principal general da Rússia, Valery Gerasimov, de incompetência e de negar munição e apoio a Wagner em suas batalhas na Ucrânia.

Como a rivalidade parecia chegar ao auge, o ministério emitiu um comunicado dizendo que as acusações de Prigozhin “não eram verdadeiras e são uma provocação informativa”.

Segundo Prigozhin, suas ações não foram um golpe militar. Mas em uma série frenética de mensagens de áudio, nas quais o som de sua voz às vezes variava e não podia ser verificado independentemente, ele parecia sugerir que 25 mil combatentes estavam a caminho para expulsar os líderes do estabelecimento de defesa em Moscou.

No início da sexta-feira (23), ele pareceu cruzar uma nova linha em sua luta cada vez mais forte com o ministério, dizendo que a justificativa declarada de Putin para invadir a Ucrânia se baseava em mentiras inventadas pelos altos escalões do exército.

O líder mercenário ainda postou uma mensagem no aplicativo Telegram dizendo que suas forças cruzaram para a Rússia a partir da Ucrânia e estavam em Rostov.

Ele disse que eles estavam prontos para “ir até o fim” contra o alto escalão e destruir qualquer um que estivesse em seu caminho.

Imagens não verificadas postadas nas redes sociais mostraram um comboio de vários veículos militares, incluindo pelo menos um tanque e um veículo blindado em caminhões-plataforma. Não ficou claro onde eles estavam ou se os caminhões cobertos do comboio continham combatentes. Alguns dos veículos arvoravam a bandeira russa.

Imagens de canais baseados em Rostov mostraram homens armados em uniforme militar contornando a pé o quartel-general da polícia regional na cidade, bem como tanques posicionados do lado de fora do quartel-general do Distrito Militar do Sul. A Reuters confirmou os locais mostrados, mas não conseguiu determinar quando a filmagem foi feita.

Em suas mensagens de áudio, Prigozhin expôs: “Aqueles que destruíram nossos homens, que destruíram a vida de muitas dezenas de milhares de soldados russos, serão punidos. Peço que ninguém ofereça resistência.”

“Somos 25 mil e vamos descobrir por que o caos está acontecendo no país”, explicou, prometendo destruir quaisquer postos de controle ou forças aéreas que estivessem no caminho de Wagner.

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