O papa Francisco recebeu nesta terça-feira (20) o ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, na primeira audiência celebrada no Vaticano entre os dois. Eles tiveram uma conversa que durou cerca de 40 minutos, segundo fontes vaticanas.

“É um prazer vê-lo aqui, é um prazer que você tenha vindo”, disse Francisco ao receber o ditador cubano, que chegou às 9h50 (hora local, 4h50 de Brasília) no escritório adjacente à sala Paulo VI, onde são realizados os principais atos no Vaticano.

“É um prazer vê-lo recuperado. Muito obrigado por organizar este encontro”, afirmou Díaz-Canel, ao que o papa respondeu, “bem, no meio caminho, porque ainda tenho os pontos”, em referência à sua recuperação da operação de hérnia abdominal. Francisco recebeu alta da operação na última sexta-feira (16).

O ditador cubano afirmou que teve uma conversa “franca” com “amplas convergências” com o papa Francisco durante o encontro. O líder do regime cubano também se disse “grato” com Francisco e “transmitiu” o profundo afeto e votos de plena recuperação “do povo cubano” ao papa.

O ditador de Cuba, que chegou a Roma nesta segunda-feira (19), declarou que abordou com Francisco “a realidade da ilha”, que enfrenta uma grave crise econômica e social que vem se agravando nos últimos anos. Ele disse ao papa que a crise é resultado do “forte impacto em nossa população do bloqueio econômico intensificado” [fazendo referência ao embargo econômico imposto pelos EUA ao país.

Díaz-Canel afirmou que agradeceu as expressões de proximidade e encorajamento a favor de Cuba, que foram feitas, segundo ele, por Francisco. O líder do regime cubano completou dizendo que “confirmamos a vontade de continuar fortalecendo os laços entre a Santa Sé e Cuba”.

Protestos 

Díaz-Canel e sua esposa, Lis Cuesta Peraza, foram recebidos pelo chefe da Prefeitura da Casa Pontifícia, responsável pelo protocolo, monsenhor Leonardo Sapienza, enquanto a poucos metros do Vaticano uma dezena de manifestantes cubanos residentes na Itália protestaram contra a recepção ao ditador cubano.

Envoltos na bandeira cubana e ao ritmo de músicas da ilha, os opositores do regime comunista gritavam palavras de ordem contra a repressão política, o exílio forçado e a “legitimação do governo de Díaz-Canel pelo Vaticano”.

A influenciadora Cubana Zoe Martinez não poupou críticas ao Papa “O Papa dialogando com um ditador criminoso que causou atos violentos e até mortes em meio às manifestações anti-ditadura castrista de um povo completamente desarmado” disse ela nas redes sociais.

O Papa também vai receber Lula na manhã dessa quarta-feira, o encontro vai acontecer às 09:30 da manhã horário de Brasília.

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