O Jornal Folha de São Paulo em uma material especial publicado na noite de ontem (27/04), trouxe que o Ministério da Justiça, comandado por Flávio Dino, e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), cujo titular era o general Gonçalves Dias, foram reiteradamente avisados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) da possibilidade de atos violentos, que, de fato, ocorreram em 8 de janeiro.

A informação de que a Abin tinha feito alerta sobre os possíveis atos de vandalismo entre 6 e 8 de janeiro já tinha sido divulgada pela imprensa. Agora, porém, os documentos obtidos pela Folha mostram a quem esses alertas foram enviados.

Esses documentos sigilosos da Abin já estão com o Congresso Nacional, segundo a Folha. Foram enviados pela Abin à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) em 20 de janeiro.

Além do GSI, outros 13 órgãos receberam os comunicados, incluindo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. No Ministério da Justiça, de acordo com o jornal, quem recebeu informes ao menos desde o dia 2 de janeiro foi a Diretoria de Inteligência.

No caso do GSI, a Abin mostra que o próprio Gonçalves Dias recebeu em seu celular ao menos três alertas desde 6 de janeiro. A partir desse dia, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal também começaram a ser atualizadas.

A Abin enviou mensagens ao GSI e à equipe de Dino em 6 de janeiro, às 19h40; em 7 de janeiro, às 10h30 e 12h; e sete mensagens em 8 de janeiro, ate as 14h45.

Segunda a Folha, o documento mostra que apesar de os alertas terem sido enviados ao ministro do GSI a partir de 6 de janeiro, a Abin já relatava a sete órgãos federais a situação de manifestações contra a eleição de Lula em rodovias e capitais.

Recebiam os informes o Centro de Inteligência do Exército, o Centro de Inteligência da Marinha, Assessoria de Inteligência de Defesa do Ministério da Defesa, a Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Ministério da Infraestrutura e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel.

A partir do dia 6, no entanto, o GSI, a PF, a PRF e órgãos de segurança do Distrito Federal também foram incluídos nos informes da Abin.

Em depoimento à PF, Gonçalves Dias negou que tivesse recebido relatórios da Abin e disse que só soube dos alertas enviados pelas equipes de inteligência quando reuniu as informações para responder os questionamentos da CCAI.

O Ministério da Justiça, em nota, afirmou não ter recebido os informes de inteligência. Em audiência na Câmara no mês passado, Flávio Dino afirmou: “Inventaram que eu recebi um informe da Abin, que é tão secreto que ninguém nunca leu, nem eu mesmo. Por quê? Por uma razão objetiva: eu jamais o recebi.”

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