O ex-presidente Jair Bolsonaro negou a denúncia segundo a qual as joias dadas pela Arábia Saudita a seu governo seriam para uso pessoal da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. “Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi”, disse, em entrevista à CNN Brasil, neste sábado 2. “Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade. Veja o meu cartão corporativo pessoal. Nunca saquei, nem paguei nenhum centavo.”
Um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em cerca de R$ 20 milhões foram dados como presente ao governo. Os objetos foram recebidos pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que representou Bolsonaro em um evento, acompanhado de assessores.
Ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos (SP), em 26 de outubro de 2021, um dos assessores de Albuquerque foi impedido de levar os presentes, já que os valores ultrapassavam mil dólares. A Receita Federal (RF) obriga que sejam declarados ao Fisco qualquer bem cujo valor seja superior a essa quantia.
Segundo Albuquerque, ele teve conhecimento do que eram os presentes apenas ao chegar ao aeroporto. Até então, a caixa com os objetos estava lacrada. Nem mesmo as autoridades da Arábia Saudita disseram o que havia nos pacotes, conforme o ex-ministro de Minas e Energia. Por causa da exigência de pagamento de imposto de importação e multa, os itens ficaram retidos na RF.
Um documento divulgado pelo ex-secretário Fabio Wajngarten mostra um agradecimento de Albuquerque à Arábia Saudita. No texto, o militar afirma que os objetos seriam “incorporados ao acervo oficial brasileiro”. No texto, não há menções a joias.